terça-feira, 8 de abril de 2008

A LUTA PELA FILOSOFIA

Embora a Filosofia sempre esteve presente no processo evolutivo do homem no planeta e a sua interação com o meio ambiente, até hoje ela continua sendo marginalizada por sucessivos governantes cujo objetivo é manter o controle sobre corações e mentes numa relação mercadológica de apropriação e dominação do ser pensante na sociedade.

Embora a sistematização do pensar filosoficamente correto esteja delimitado e situado no mundo grego, essa leitura é limitada uma vez que desconsidera todo o processo de formação e evolução do homem a partir da matriz africana, berço da humanidade e do processo evolutivo.

Nesse sentido, é preciso repensar todo o processo educacional e os eixos fundantes que estão alicerçando os fundamentos do pensar filosoficamente correto. É preciso demolir os eixos cronológicos que impera no processo histórico, e simultaneamente nas demais Disciplinas, inclusive a própria filosofia. É necessário restabelecer os eixos evolutivos, tendo por base os modos de produção e as categorias analisadas e firmadas por Marx e Engels, bem como toda contribuição no âmbito do Marxismo e seus desdobramentos teóricos.

Embora todo processo de sistematização esteja vinculado as primeiras reflexões gregas num dado período histórico, o esforço pelo domínio e apreensão do fogo foi também significante, uma vez que foi a primeira revolução da humanidade a partir dos elementos da natureza, sendo todo o processo de sistematização grega e de outras culturas um momento de ampliação e aprofundamento de processo evolutivo.

Uma categoria ontologicamente contribuinte para o processo de interação com o mundo material se expressa, por exemplo, no texto de Engels, onde a categoria trabalho foi, fundamental, por exemplo, na transformação do macaco em homem.

A nossa teoria não pode continuar divorciada da realidade material e vivencial de nossa classe, do nosso povo, uma vez que o processo de alienação e estranhamento condicionados pelo modo de produção atual, imbeciliza todos e todas que se limitam a reproduzir o pensamento improvisadamente pensado pelos teóricos da abstratação, do vazio, do reducionismo e da determinação da economia dominante.

A própria etimologia da palavra filosofia precisa ser mais eficaz, abrangente e propositiva e não contemplativa como nos fazem crer.

Vias de regra, os livros didáticos e as apostilas da era Chalita instituíram o eixo cronológico como base geral.

Piorando ainda mais, o panfleto de Serra no âmbito da Filosofia, descaracterizando nossa Disciplina, tratando a mesma como temas transversais, que qualquer outra Disciplina poderia incorporar.

Eles instituem o debate temático de forma descontextualizada e panfletária do ponto de vista da educação filosófica.

O nosso amor deve ser ao espoliado, ao empobrecido e ao protagonista da radicalidade material, exigindo do desfigurado uma ação e atuação verdadeiramente revolucionária, enquanto condição sinequanom para a transformação de fato da sociedade em que vivemos.

A transformação e a evolução da sociedade, não devem se limitar a apropriação dos bens culturais produzidos e controlados pelos opressores.A verdadeira transformação só será evidente quando erradicarmos a fome, a miséria humana, o atraso cultural e a ordem econômica que patrocina esse estado de coisas.

Transformar é participar, engajar e tomar partido ao lado do esmagado pelas forças do capital. Filosofar é transformar, é tomar partido ao lado dos que estão no processo de evolução, com equidade, justiça, liberdade e condições asseguradas de fato.

Essas reflexões apontam para a necessidade de nos organizarmos ainda mais para entendermos o papel da filosofia bem como entendermos o porque até hoje ela continua sendo colocada a margem da sociedade, pois a sua existência e amplitude permite que ousemos pensar para além dos limites estabelecidos pela oficialidade controladora do poder, bem como discutir e rediscutir tudo na ótica do escravo, servo, proletário, e os rebaixados dos modelos socialistas ambíguos. Vamos revolucionar o bloco dos conteúdos estabelecidos, buscando as mitologias africanas, sem negar outras contribuições existentes, mas não perder de vista o caráter seletista propositivo e classista do pensar humano.

Somos levados a crer que os pobres não têm história, que os escravos da Grécia não pensavam, que os hominídeos não são filhos do deus dominantes e que o criacionismo se justifica pela dominação e imposição cultural até nos dias atuais.

O educador de Filosofia que atua como correia transmissora da ideologia de Estado sem o menor filtro e sem tomar partido na sociedade atual e nas sociedades passadas numa releitura também partidária, não contribui para a verdadeira trans formação social.

Sem rebaixar o debate sobre a importância da contribuição dos filósofos na atualidade, precisamos saber a serviço de quem nos encontramos nesse processo educacional.

Nesse sentido, é necessário que os professores de filosofia do Estado de São Paulo possamos reagir ao estado neoliberal que a cada dia institucionaliza suas convicções, amordaça o movimento e impõe seus projetos sem a devida resistência da categoria e dos rebeldes filósofos.

“Neste contexto, a filosofia e seus representantes devem incorporar e se comprometer com as lutas do cotidiano conforme texto abaixo:

Numa atitude de desrespeito e autoritarismo o governo fez uma intervenção verticalizada no currículo, excluindo disciplinas da matriz curricular como Sociologia e Psicologia e reduzindo aulas de outras matérias como Filosofia, Geografia e Artes, ampliando o desemprego na área de humanas.
Sem nenhum debate com a rede, o governo implantou a política do Cartilhão (Jornal São Paulo Faz Escola), padronizando e uniformizando o currículo em todo Estado. Um material mal elaborado com diversos erros inclusive conceituais, sem contar o caráter limitado, dando a entender que a escola para os filhos dos trabalhadores deve ser assim mesmo, dando a estes estudantes apenas o básico do básico.

Em duas entrevistas à imprensa a Secretária demonstrou o seu total desrespeito aos professores ao afirmar: “a velha política da isonomia salarial/.../contribui para a acomodação de uma massa de profissionais numa zona de mediocridade”, atacou também os diretores ao dizer: nas escolas nota 10 existe “a presença de um diretor competente /.../ Se tais diretores fossem a maioria, o ensino público não estaria tão mal das pernas”. Ou seja, nas entrelinhas ela afirma que a maioria dos diretores é incompetente e que a maioria dos professores é medíocre.

Por outro lado, numa outra entrevista ela afirmou que um dos problemas do fracasso escolar decorre do excesso de autonomia dado às escolas nos últimos anos, deixando claro sua concepção de gestão antidemocrática.

EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA ABAIXO AS MEDIDAS DE SERRA E MARIA HELENA POR EMPREGO E SALÁRIO.

- Reajuste Salarial Já! Incorporação das Gratificações e do Bônus e Piso do DIEESE (R$ 1.924,59) janeiro de 2008, por 20 horas aulas;
- Extensão do ALE para todas as escolas;
- Redução do número de alunos por turmas para 25;
- Estabilidade para todos os OFAs;
- Reabertura das salas e períodos fechados;
- Não a Avaliação Desempenho e PCP aprovados pelo Conselho de Escola;
- Condições de trabalho adequadas: funcionários concursados, laboratórios, salas de informática e bibliotecas funcionando em todas as escolas;
- Defesa do IAMSPE, atendimento médico em todo Estado e repúdio ao Assédio
Moral no Departamento de Perícias Médicas (DPME);
- Elevação dos gastos em educação para 10% do PIB, abaixo as 10 metas de Serra e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) de Lula;
- Contra a Municipalização do Ensino.”(Boletim da Sub sede apeoesp SBC.)

Dando Continuidade as iniciativas de natureza organizativa de nossos pares no Estado e no Brasil, devemos nesse encontro aprofundar nosso debate sobre e necessidade de apontarmos para o fortalecimento de nossa entidade em nível nacional, estadual e regional.

Se não nos organizarmos, o governo vai jogar com nossa disputa pela reserva de mercado interna, ora dando umas migalhas de aulas de filosofia, retirando sociologia ou psicologia. Ora retirando ou diminuindo filosofia e dando algumas aulas de sociologia e psicologia, atendendo as pressões e demandas internas.

Sem divisionismos do bloco crítico-transformador, nós também não podemos ficar esperando que eles decidam por nós enquanto governo e ou outras entidades sindicais.

Nesse sentido, precisamos discutir qual é a melhor forma organizativa que possa nos representar tanto em nível municipal-regional, estadual e nacional. Devemos fortalecer o Coletivo Nacional de filosofia, criando os coletivos Estaduais de Filosofia ou criarmos uma associação dos filósofos do Estado de São Paulo, ou ainda criando uma associação dos professores de filosofia do Estado de São Paulo.

Qualquer decisão deve ter em conta o vínculo com o Coletivo Nacional, que vem sendo construindo com muitas dificuldades no Brasil.

Esses mecanismos deverão ser organizados neste encontro, com uma executiva de até sete educadores, que num prazo de dois meses deverão apresentar um modelo de estatuto, objetivo e estratégia da entidade.

Devemos ainda solicitar junto à Secretaria Estadual de Educação uma audiência para tratarmos das nossas reivindicações.

Este documento está aberto a emendas.

Aldo Santos
Membro do Coletivo Nacional de Filosofia
Email: aldosantos@terra.com.br

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